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terra paulistana: respira fundo

Confesso que essas duas semanas de espera entre as visitas ao canteiro de obras foram de muita expectativa e uma certa dose de ansiedade imaginando o que mais as terras do Butantã poderiam revelar.

Era uma quinta-feira, ainda de muito calor, umidade e o sol a pino em pleno meio-dia do comecinho de março. Como de costume pedi licença e perguntei pelo Sr. Osvaldo que logo me recebeu. De cara ele me disse que a terra, aquela terra, mencionada na última visita, já tinha sido retirada.

 Ahhhrg, quanta frustração! Eu tinha perdido o timing de voltar ao canteiro enquanto ele tinha perdido o meu contato.

Essa ruptura do processo de pesquisa me impediu conhecer e estudar uma porção de terra branca que eu tinha registrado durante a sessão de fotos na ocasião da minha visita anterior. Uma oportunidade de ampliar o estudo sobre a qualidade e variedade da terra paulistana neste pedaço de chão do Butantã.

Além da frustração sentia que em breve não teria mais a chance de me conectar com a terra colorida que tanto me encantou. E que ela estaria completamente tomada pelo propósito da moradia em construção. Invadida por esse pensamento e por essa sensação amarga nada restava fazer se não voltar para casa.

Antes de sair, ainda assim, a gentileza costumeira do Sr. Osvaldo mais uma acenava para um convite de continuar visitando o canteiro.  E, para não perder a viagem, ele ainda me perguntou se eu não queria levar um punhadinho de terra que eles tinham tirado de um canto para preencher um grande poço para uma nova etapa da construção.  Enchi apenas uma sacola de supermercado, pois achei importante continuar os estudos sobre variações de cores da paleta paulistana com essa nova porção oferecida pelo Sr. Osvaldo mesmo que, num primeiro momento, não acreditando que estaria diante de uma cor nova ou diferente do que eu já havia coletado anteriormente. Ledo engano, mas esse detalhe eu conto depois.

Na despedida, Sr. Osvaldo me disse ainda que mais uma porção de terra deveria ser retirada ali da entrada do terreno, mas que ainda não tinha uma data prevista para acontecer. Não sei se por consolo ou não. Mas, no fundo, percebi que meu tempo ali estava cada vez mais contado na medida em que a obra avançava e que a demanda de trabalho aumentava entre os funcionários do canteiro de obras de terras coloridas do Butantã.

Desta maneira, a moça da terra saiu de cena.



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